segunda-feira, 17 de novembro de 2025

 

             GUILHERME GASTALDELLO PINHEIRO SERRANO

 Presidente do INSS durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

INSS liberou em nome de crianças R$ 12 bi em empréstimos consignados

Órgão mudou em 2022 norma para permitir contratos sem autorização judicial


       Como diria a sensitiva,  aquela: vai vendo...vai vendo....o caminho da bandalheira oficializada.


Serrano foi diretor de Atendimento do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e, entre abril de 2022 e janeiro de 2023, assumiu a presidência do órgão, na gestão do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

 PF aponta “potencial conflito de interesses” no comparecimento de diretores do INSS a assembleia e eventos realizados pela Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA).

“Em 31/08/2021, nos termos da ata registrada no 1º Ofício de Notas e Protesto de Brasília, foi promovida Assembleia em que foi deliberado que a CBPA poderia firmar ACT com o INSS para desconto de contribuição associativa diretamente na folha de pagamento de benefícios do INSS. Nessa assembleia, compareceu Guilherme Gastaldello Pinheiro Serrano, que foi Diretor de Atendimento do INSS e, posteriormente, Presidente da autarquia, de abril de 2022 a 02/01/2023”, detalha a investigação.

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 Aí pra completar editou a instrução abaixo sobre empréstimos no BPC para menores

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Instrução Normativa INSS Nº 136 DE 11/08/2022

Publicado no DOU em 12 ago 2022

Altera a Instrução Normativa INSS/PRES nº 28, de 16 de maio de 2008 , e a Instrução Normativa PRES/INSS nº 128, de 28 de março de 2022 .

O Presidente do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, no uso das atribuições que lhe confere o Decreto nº 10.995, de 14 de março de 2022, e tendo em vista o que consta no Processo Administrativo nº 35014.157837/2022-79,

Resolve:

Art. 1º A Instrução Normativa INSS/PRES nº 28, de 16 de maio de 2008 , publicada no Diário Oficial da União - DOU nº 94, de 19 de maio de 2008, Seção 1, págs. 102/104, passa a vigorar com as seguintes alterações:

" Art. 2º .....

III - beneficiário: o titular de aposentadoria, de pensão por morte, da Renda Mensal Vitalícia, prevista na Lei nº 6.179, de 11 de dezembro de 1974 , de Benefício de Prestação Continuada - BPC, de que trata o art. 20 da Lei nº 8.742, de 1993 , e de benefícios que tenham como requisito para sua concessão a preexistência do benefício de prestação continuada de que trata o art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 .

XX - representante legal: representante do titular do benefício, civilmente incapaz, na qualidade de curador, guardião ou tutor (nato ou judicial); e

XXI - procurador: representante do titular do benefício, civilmente capaz, outorgado mediante instrumento de procuração particular ou público."(NR)

" Art. 3º Os titulares de benefícios de aposentadoria, pensão por morte do RGPS, da Renda Mensal Vitalícia prevista na Lei nº 6.179, de 1974 , do BPC, de que trata o art. 20 da Lei nº 8.742, de 1993 , e de benefícios que tenham como requisito para sua concessão a preexistência do BPC de que trata o art. 20 da Lei nº 8.742, de 1993 , poderão autorizar os descontos no respectivo benefício, dos valores referentes ao pagamento de crédito consignado, concedidos por instituições consignatárias acordantes, desde que:

IV - fica a critério da instituição consignatária acordante a contratação de crédito consignado em benefícios pagos por meio de representante legal (tutor nato, tutor judicial, curador ou guardião).

VII - É vedado ao procurador que apresente instrumento de mandato particular ou que esteja cadastrado no sistema apenas para fins de recebimento do benefício, autorizar o bloqueio ou o desbloqueio de benefício para operações de crédito, salvo autorização expressa em instrumento de mandato público, para este fim."(NR)

" Art. 43 . Os beneficiários ou seus representantes legais, definidos nos incisos XX e XXI do art. 2º, observado o disposto no § 6º deste artigo, poderão, respeitado o disposto no § 2º do art. 1º, efetuar bloqueio ou desbloqueio do benefício para averbações de crédito consignado, a qualquer tempo, por meio de serviço eletrônico, mediante acesso autenticado.

Art. 2 º A Instrução Normativa PRES/INSS nº 128, de 28 de março de 2022 , publicada no DOU nº 60, em 29 de março de 2022, Seção 1, pág. 132, passa a vigorar com as seguintes alterações:

" Art. 633 . .....IN INSS 128-2022 Art 633

a) o desconto, seu valor e o respectivo número de prestações a consignar sejam expressamente autorizados pelo titular do benefício ou por seu representante legal, na qualidade de curador, guardião ou tutor (nato ou judicial);

III -

d) recebidos por meio de representante legal, na qualidade de administrador provisório ou representante de entidade de que trata o art. 92, do Estatuto da Criança e do Adolescente;" (NR)

Art. 3º Ficam revogados os seguintes dispositivos:

I - da Instrução Normativa INSS/PRES nº 28, de 2008 :

a) o inciso VI do art. 3º ; e

b) o inciso I do art. 11 .

II - da Instrução Normativa PRES/INSS nº 128, de 2008, as alíneas "c" e "e" do inciso III do art. 633 .

Art. 4º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

GUILHERME GASTALDELLO PINHEIRO SERRANO

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O Ministério da Previdência Social exonerou, nesta quinta-feira (08/05/25), o coordenador-geral de Estudos Estatísticos, Atendimento e Relacionamento Institucional, Guilherme Serrano. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), assinada pela chefe de gabinete, Louise Caroline Santos de Lima e Silva.

Presidente do INSS durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Guilherme Serrano foi dispensado do cargo que ocupava no Ministério da Previdência. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União de hoje.

O que aconteceu

Serrano chefiou INSS entre abril de 2022 e janeiro de 2023. Servidor de carreira do órgão, ele estava atualmente em um cargo comissionado no ministério, de coordenador-geral de estudos estatísticos, atendimento e relacionamento institucional…

Dispensa se dá em meio à crise no órgão. Uma operação da PF no final de abril expôs que ao menos R$ 6 bilhões foram desviados de aposentados e pensionistas por meio de descontos indevidos desde 2019…

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INSS liberou em nome de crianças R$ 12 bi em empréstimos consignados

Existem hoje, segundo o INSS, 763.000 empréstimos consignados ativos para menores de idade, com valor médio de R$16.000,00, segundo a presidencia atual do INSS

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Vem aí o espetáculo da desonra de Bolsonaro e oficiais golpistas…

    Josias de Souza   Colunista do UOL – publicado em 17/11/2025

Dois espetáculos não cabem no mesmo palco. Ou no mesmo evento histórico. Dividido entre uma apresentação e outra, a plateia correria o risco de não prestar a devida atenção a nenhuma das duas.

 Ainda está em cartaz, no Supremo Tribunal Federal, o último capítulo do processo contra os réus do núcleo principal do complô do golpe. Mas o show da democracia tem que continuar.

 A contagem regressiva para que o Supremo torne as condenações definitivas e irrecorríveis, impõe às Forças Armadas o lançamento de um espetáculo novo: o ritual da desonra de Bolsonaro e seus aliados de farda…

Junto com o capitão, líder da organização criminosa do golpe, já foram condenados por crimes contra a democracia três generais (Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira) e um almirante (Almir Garnier).

 Exército e Marinha devem ao país informações sobre o processo de expurgo dos cinco membros do estado-maior do golpe. Precisam perder as patentes. Deveriam ser expulsos também da folha de aposentados. Mas a encenação inclui as mortes simuladas.

 Ainda que sejam punidos com rigor máximo pelo Superior Tribunal Militar, Bolsonaro e seus aliados de farda serão declarados "mortos fictos" —ou "mortos vivos". Os vencimentos passam a ser recebidos por familiares.

 Há cerca de 600 defuntos de papel nas Forças Armadas. Esposas, companheiras e filhas de militares expulsos recebem do tesouro algo como R$ 25 milhões por ano. A remuneração de zumbis golpistas por meio de familiares adicionará escárnio à aberração.


sexta-feira, 14 de novembro de 2025

  


MOISÉS MENDES é jornalista e este texto foi repostado de seu Blog.
Guilherme Derrite e Hugo Motta em entrevista coletiva (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)
      A Polícia Federal vai pegá-los

“Bolsonaristas tiram proveito da confusão para fingir que estão caçando bandidos, mas a PF vai transformá-los em caça”, escreve Moisés Mendes

Qualquer estagiário do PCC em qualquer fintech da Faria Lima sabe o que Guilherme Derrite foi fazer em Brasília, chamado às pressas por Hugo Motta, pelo centrão e pela extrema direita. 
Mas os moradores de Lajeado, no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, podem não saber direito, porque estão dedicados à reconstrução das suas vidas depois de uma tragédia. A maioria da população brasileira também não entende bem qual seria a missão de Derrite. 

O estagiário trabalha em casa, no sistema remoto, e tem tempo para vasculhar o que se passa no Brasil. Ele está sabendo que Derrite foi chamado a Brasília para reassumir sua cadeira de deputado e dar sequência ao marketing da matança no Rio. A extrema direita é que entende de caçada a bandidos. E Derrite, como policial da PM de São Paulo, seria um grande caçador.

O estagiário sabe que direita e extrema direita chamaram Derrite porque: 1. Ele é o cara da porrada da Rota. 2. É homem de Tarcísio, que se acha ainda no jogo. 3. Ele é candidato ao Senado e pode ser o nome de Tarcísio ao governo de São Paulo, se o extremista moderado decidir enfrentar Lula.

Mas o que o estagiário mais sabe é que Derrite voltou ao Congresso para afastar a Polícia Federal, se possível, dos cenários de todos os crimes organizados, do tráfico e das milícias às gangues das emendas.

Derrite quer tirar a PF não só de perto dos homens do PCC, mas principalmente dos políticos do bolsonarismo, dos executivos da Faria Lima e dos acumpliciados de outras áreas com os chefões que ele diz combater. 

Derrite tentou blindar, com suas versões do projeto antifacções, todos os que trabalham com e para o crime organizado dentro de estruturas de poder político e econômico, em governos estaduais, prefeituras, fintechs.

O estagiário sabe que ainda esse ano e principalmente em 2026 a PF vai fechar o cerco em torno da extrema direita associada ao crime organizado. Mas os moradores de Lajeado, no centro da região da tragédia da enchente do ano passado, talvez não saibam direito.

A grande maioria da população brasileira também não sabe, porque é preciso tocar a vida. Não sabe que foi a Polícia Federal que puxou o fio capaz de levar à localização de R$ 120 milhões destinados pelo governo federal ao socorro dos desabrigados da região de Lajeado. A PF tem indícios do desvio do dinheiro.

A Polícia Federal, que Derrite pretendia afastar de investigações envolvendo crime organizado e os políticos, pegou o secretário de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano de Eduardo Leite, Marcelo Caumo. 

Caumo era prefeito de Lajeado quando os R$ 120 milhões teriam sido desviados em manobras fraudulentas. A Operação Lamaçal investiga suspeitos de mais nove municípios. É um começo, porque a tragédia que matou 185 pessoas atingiu mais de um terço do Estado. A PF vai pegar mais gente.

Mas o brasileiro médio, essa figura que acorda às 5h, pega metrô e dois ônibus para chegar ao trabalho, que não tem tempo para saber o que Derrite anda fazendo, esse brasileiro não sabe que o secretário de Segurança de Tarcísio foi chamado para fazer o serviço sujo na Câmara.

E o serviço, como relator do PL antifacções, começava pelo amordaçamento da Polícia Federal, que investiga as relações da Polícia Civil de Tarcísio e Derrite com o crime organizado, a partir da morte do delator do PCC Vinicius Gritzbach, há um ano no aeroporto de Guarulhos.

Pelo parecer de Derrite, a PF não deveria se meter em investigações sobre crime organizado. O deputado queria só as policiais locais, sob o mando dos governadores, ‘caçando’ bandidos grandes. As mesmas polícias que também estão na mira da PF como corruptas.

O estagiário do PCC na fintech da Faria Lima sabe o que Derrite pretendia. E percebe agora que a extrema direita vai perder mais uma, como vem perdendo desde aquele dia em que o chefe de Derrite disse que bebe muita Coca-Cola.

O que se lamenta é que os moradores de Lajeado e o brasileiro médio talvez não saibam o que estagiário está sabendo. E esse é o problema do governo, das esquerdas, dos democratas e de todos os antifascistas.

O brasileiro talvez não tenha se dado conta de que o plano de Derrite era blindar os parceiros. Se não houvesse essa irmandade dos políticos com os PCCs, talvez a preocupação não fosse tão grande.

Derrite estava tentando blindar os que lavam dinheiro do crime organizado. É gente que ele, como policial e homem da segurança, conhece bem. Tarcísio conhece. O fascismo de São Paulo conhece há muito tempo.

A estratégia falhou, como vem falhando tudo que eles têm tentado esse ano, com exceção da matança no Rio, considerada um sucesso. Eles terão que preparar novas eurekas mais adiante. Mas, como são imprevisíveis, não há nem como se preparar.

Líderes e mandaletes da extrema direita desorganizada tentam se reacomodar no cenário nacional em cima dos cadáveres do Rio e protegendo os seus que ganham dinheiro em sociedade com as facções. Mas a Polícia Federal vai pegá-los.





 

Do sertanojo ao nojo por Lô Borges e pelo Clube da Esquina, por Manoel Herzog



Quando eu costumava ser um operário na indústria, e depois, na advocacia trabalhista, sempre me absurdou a expressão "licença-nojo", aquele direito que o trabalhador tem, uns dias de liberdade do cativeiro liberal por conta do falecimento de um ente querido. Quando casa, tem direito a uma tal "licença-gala", termo que não deixa de ser interessante. As raízes ancestrais do termo "nojo", agregado ao conceito de luto e tão distante do sentido original, de repulsa, vêm do latim, pai do português arcaico e avô do moderno. O termo latino "nauseam", que derivou para nojo, significa pesar da alma, dor profunda moral, sensação insuportável. No arcaico equivalia à dor pela perda, no moderno ficou mais restrito à aversão por algo repugnante. Jean Paul Sartre deu à sua maior obra o título "A Náusea", falando do sentimento vigente na humanidade no século que consolidou o liberalismo econômico ao lado do conservadorismo moral. Faço este preâmbulo para dizer que estou absolutamente enojado da morte de Lô Borges. Eu e toda uma geração não superamos um luto recente, seguimos a sofrer, a inconformar, a não aceitar, por mais que os good vibes insistam em desejar ao espirito do finado uma senda de luz na eternidade etc

                    A morte do Clube da Esquina

A morte do Lô, junto à lenta e dolorosa agonia do Milton, representa a morte do Clube da Esquina, e a morte do Clube da Esquina nos enoja a todos, porque metaforiza a morte da música brasileira, talvez, neste país de tão retumbantes fracassos, nossa maior conquista civilizatória. Nossa economia é suja, formada sobre um leito de opressão e exploração, nosso direito é canalha, nossa política é podre, mas tínhamos a música, que hoje estertora em praça pública sob um mar de soja transgênica.

Com sua lucidez habitual, Zeca Baleiro, levado a BH por razões lutuosas distintas, aproveitou e foi prestar sua homenagem no velório do Lô. Proferiu uma sentença triste, mas verdadeira: não surgirão mais compositores feito o, ele pertence a uma era perdida. Talvez que o próprio Zeca seja o último titã (não a bandinha), não duvido, e não que nos faltem talentos, estes abundam, os talentos é que não têm mais vez.

                   Os verdadeiros mamadores

Bradam contra a Lei Rouanet os direitistas (seja lá o que for isso), mas os maiores mamadores de verba pública para apresentação de espetáculos musicais tétricos são uma lista que vai de Bruno and Mahoney até Gustavo Lima, passando por Zezé e afins. No dia que Lô Borges morreu eu me sentei num banco de shopping, aqui em Santos, e pus-me a ouvir a conversa de um senhor (devia ser dono da loja em frente) pra duas funcionárias, elencando suas preferências musicais. Ouvi de passagem os nomes do mesmo Lima, de Marilia Mendonça, de Chitãozinho. Cheguei a desejar-lhe as piores coisas, mas não quero julgar aquele senhor, ele tem até uma loja, é um vencedor, não quero julgar as vendedoras que ouvem esse monte de merda, foi o que se lhes deu a ouvir. Eu mesmo cresci ouvindo bossa nova e Silvio Caldas, contrariado, odiava, meu avô me obrigava a ouvir por osmose, não desligava a vitrola. Formei-me assim, sou este ranzinza. Aguardemos a ver no que resultará a formação cultural dessa geração que ouve agronejo. Não estarei pra ver, com a graça de Deus, em cujos braços pretendo estar quando se der a Revelação.

                            O paradoxo

O Clube da Esquina, paradoxalmente ao fato de ser o maior movimento contemporâneo da música nacional, foi justo o turning point que sepultou o samba e abriu caminho ao nefasto rock nacional e ao sertanejo, tudo sob o elegante nome "folk"., o beatle-barroco, congrega a tradição brasileira das Geraes e aponta pra um futuro cosmopolita. O processo civilizatório desses mais de 500 anos de nação segue um fluxo natural, do litoral ao interior profundo. Nossa literatura nasce carioca e portuária, vai numa trilha (a Estrada Real?) de Machado de Assis país adentro até encontrar Rosa. Da mesma forma a música, que atinge, depois de Villa Lobos e Pixinguinha, um ápice com Antônio Carlos Jobim e que, através do grande Maestro carioca, ruma Brasil adentro pra encontrar o Clube. Nós perdemos o trem azul da história, contudo.

Penso que o encontro da wave universal com o Brasil profundo merecesse digestão mais lenta, feito a da velha sucuri dos confins selváticos. O atropelamento, a violência do processo, que começa tão lindo (vide Rosa, vide Clube da Esquina) devia se consolidar melhor, maturar, é da natureza da cultura cultivar, dar um tempo, curtir. Não, avançaram feito uns desgraçados pro interior profundo, sem formar uma tradição, o que resultou, em literatura, na infantilidade da poesia contemporânea herdeira de Manoel de Barros (que venham as pedras), e, na música, no rock nacional do cerrado e no sertanejo de soja que empesteia os palcos das prefeituras brasileiras. (que venham mais pedras).

 Brasil está enojado da morte do Clube da Esquina, é insuportável. Sem ter merecido a reverência devida, atropelado pelo processo econômico tão eficiente em produzir arte de má qualidade. Não conseguiremos nos conformar tão cedo, que Deus conforte o nosso coração.



 

JOSÉ CARLOS OLIVEIRA OU AHMED MOHAMAD OLIVEIRA

Para CGU e PF, ex-ministro de Bolsonaro foi pilar de esquema no INSS…

 

Está escrito na decisão do ministro André Mendonça, do Supremo, em tons menos graves e mais genéricos, mas para investigadores da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, órgão que identificou e denunciou as fraudes no INSS, o ex-ministro de Jair Bolsonaro , José Carlos Oliveira (hoje atendendo pela alcunha de Ahmed Mohamad Oliveira),  foi peça fundamental para dar lastro, ampliar e refinar o desvio de dinheiro de aposentados.

Um integrante da CGU ouvido pela coluna trata a coisa de maneira direta. Para ele, Oliveira é o arquiteto do esquema que alcança mais de uma dezena de entidades

Valendo-se da fragilização das regras de fiscalização da autarquia, durante o governo Bolsonaro, ele teria, segundo apurou a coluna, refinado o esquema que permitiu a fraude de milhões de assinaturas de aposentados, filiando-os ilegalmente para, assim, descontar pequenos valores direto das folhas de pagamento todos os meses

A derrubada da exigência de checagem periódica da adesão de aposentados e pensionistas do INSS ocorreu no governo Bolsonaro, sob a anuência da chefia de turno do INSS e do Ministério da Previdência. O então presidente foi orientado a não vetar o dispositivo que escancarou as portas do esquema.

Só a Conafer, uma das instituições sob investigação, teria roubado mais de R$ 600 milhões dessa forma —e abastecido uma lista de recebedores de propina nos dois últimos governos e também na Câmara dos Deputados e em legislativos estaduais…

O ministro relator do caso, André Mendonça, registrou em decisão que, para a PF, "José Carlos Oliveira foi um dos pilares institucionais que permitiram o funcionamento da fraude da Conafer. [Primeiro] Como Diretor de Benefícios e, depois, ministro, autorizou repasses ilegais e recebeu vantagens indevidas

Oliveira era do quadro do INSS, chegou à presidência do órgão no governo Bolsonaro e, depois, quando Onyx Lorenzoni decide deixar a pasta do Trabalho e Previdência, herdou o ministério.

"Várias das mensagens interceptadas pela PF geram fortes indícios de que o esquema criminoso envolvendo o investigado José Carlos Oliveira estava em pleno funcionamento também no período em que ele era ministro de Estado do Trabalho e Previdência Social do Brasil", escreveu Mendonça na decisão…

"Como exemplo, podemos citar as mensagens de WhatsApp contidas nas folhas 231-232 [do relatório da PF]. A planilha de folha 233, há, também, indícios de que valores obtidos ilicitamente foram repassados ao investigado em data que ele era ministro de Estado

Segundo o processo, Oliveira chegou a agradecer o pagamento de propina em mensagem pelo aplicativo.

O ministro do Supremo registra ainda que "quando era Diretor de Benefícios do INSS, em 1º de julho de 2021, José Carlos Oliveira, autorizou o desbloqueio e repasse de R$ 15,3 milhoes à Conafer, mesmo sem a comprovação das filiações exigidas"…

"Essa liberação foi feita em desacordo com o regulamento interno e sem exigir documentos comprobatórios, o que possibilitou que a Conafer retomasse e ampliasse a fraude de descontos em massa, através da inserção indevida de 30 listas fraudulentas, que incluíram descontos em mais de 650 mil benefícios [de aposentados e beneficiários do INSS]".

A decisão detalha ainda que a investigação considera Oliveira como peça "estratégica", com atuação "decisiva para o funcionamento e blindagem da fraude da Conafer"…

terça-feira, 7 de outubro de 2025



Pérola do Dia  (autoria do  Governador de São Paulo Tarcisio de Freitas):

 Após o Ministério da Saúde ter confirmado duas mortes em São Paulo por ingestão de bebidas contaminadas por metanol, o governador Tarcísio de Freitas resolveu usar o deboche como política pública. Em coletiva à imprensa ontem, afirmou: "No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar. Ainda bem que ainda não chegaram nesse ponto".

Se duas crianças tivessem sido mortas e várias outras ficassem feridas em uma escola por um atirador, o governador também diria: "No dia em que eu tiver filhos, eu vou me preocupar"

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

 

                        Paulinho da Força 

Maierovitch: 

'PL do centrão para reduzir pena de Bolsonaro é pornográfico'

A tentativa do centrão de reduzir a pena de Jair Bolsonaro é "pornográfica" e imoral, afirma Wálter Maierovitch no UOL News, do Canal UOL. O projeto articulado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP) prevê mudanças que podem facilitar a progressão de regime e beneficiar condenados pelos atos de 8 de janeiro, incluindo Bolsonaro.

"A primeira coisa a se colocar pelo aspecto ético-moral é que essa proposta é pornográfica. Não tem outro termo para se definir isso. Se quer criar algo para pessoa certa e determinada, algo injusto, algo imoral. Eu diria até que beira a amoralidade."

Wálter Maierovitch.

"Vamos agora ao aspecto legal. Existem dois tipos penais cuja objetividade legal, objetividade jurídica, são diferentes. Uma coisa é atentar o Estado Democrático de Direito, com pena de quatro a oito anos. O Bolsonaro atentou o tempo inteiro contra o Supremo Tribunal Federal. Outra coisa diferente é o Golpe de Estado. O objetivo é derrubar quem conquistou o poder, de forma ilegítima. Veja como as coisas são diferentes. Como misturar água com óleo. Não dá. Por isso, essa tentativa é uma tentativa que se está fazendo a uma pessoa certa e determinada, a um golpista. Daí a sua imoralidade, porque a regra republicana é que todos são iguais. Se o legislador criou objetivos diferentes para tutelar, para proteger, não dá para misturar água com óleo. Então isso é coisa de peleguismo."

Wálter Maierovitch

Maierovitch reforça que a medida é direcionada a beneficiar Bolsonaro, desrespeitando princípios de igualdade e enfraquecendo a proteção do Estado democrático.

"O que estamos assistindo é uma tentativa pornográfica, contra a ética, uma coisa de um caradurismo deslavado para proteger a pessoa certa, e aqueles usados como massa de manobra, que foram conscientes com relação a isso, estão sendo usados de novo para se falar de penas altas. Então, ao invés de se atacar o problema daqueles que têm penas altas... Não, se quer misturar tudo. Isso é de uma pornografia absoluta. Estão reduzindo o prazo pro Bolsonaro sair logo do fechado e entrar no semiaberto."

Wálter Maierovitch

O jurista detalha como as alterações podem acelerar a passagem de Bolsonaro para regimes menos restritivos, incluindo até prisão domiciliar.

"Porque o que nós temos? Pena superior a 8 anos, regime fechado. Pena de mais de quatro anos e até oito anos o regime é semiaberto e depois aberto. Então, veja o que você está tentando. Você está tentando colocar ele logo no semiaberto. O Bolsonaro, eles querem colocar já ele direto no sistema aberto." 

digo eu: Tal proposta indecorosa, vergonhosa só poderia vir de malfeitores como esse sujeito chamado Paulinho da Força que já deveria ter sido preso a muito tempo como marginal que sempre foi. É de se admirar como sempre escapa de alguma maneira de ser punido por quem de direito aja vista os absurdos de ilegalidade que esse corrupto já praticou. 

Quem é esse sujeito? Apenas como ilustração : Fazia parte da curriola chamada "tropa de choque de Eduardo Cunha" , aquele  ex Presidente da Câmara dos Deputados envolvido em inúmeras falcatruas, contas na Suiça. etc... No ano de 2020 Paulinho da Força  foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 10 anos e 2 meses de prisão por crimes contra o sistema financeiro e por lavagem de dinheiro assim como associação criminosa. 

Esse é o pedrigree do propositor da PL do Centrão. O que esperar desse  sujeito??? Com a palavra a Justiça brasileira que permite esse sujeito estar na rua. 



quarta-feira, 24 de setembro de 2025

  



                                    Anistia com dosimetria

Bandeira de Temer, Aécio e Paulinho é um engodo…

Dr.Wálter Maierovitch -  UOL

Nos campos político e jurídico, entraram em cena dois fantasmas e um pelego. Para chamar a atenção, os três empunharam a falsa bandeira que chamaram pomposamente de "pacificação republicana".

Os três são manjados e de currículos conhecidos. Para usar um termo dos antigos narradores de futebol, "adentra" nos gramados o puxador de tapetes, 'poseur' de condestável da República, Michel Temer. Com ele, o moralmente desmoralizado Aécio Neves e uma comum espécie do gênero pelego, uma praga do sindicalismo brasileiro, Paulinho da Força… 

Absolvição meia-boca

Paulinho da Força foi condenado por Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), apenado com mais 10 anos de cadeia fechada. Conseguiu, por via recursal, com a Têmis a corar de espanto, chegar ao Plenário do STF, com base em dois votos vencidos…

Para surpresas dos operadores do Direito e das torcidas do Flamengo e Corinthians, o referido Paulinho da Força restou absolvido no Plenário da suprema Corte, por votos puxados por Gilmar Mendes e Alexandre Moraes.

Absolvição meia-boca, com base na chamada prova insuficiente, geradora do "in dubio pro reo" (na dúvida, a favor do réu).

Melhor colocando, havia prova do milionário desvio de dinheiro, mas, quanto à responsabilização de Paulinho, foi dada como estreme de dúvidas. No popular, o supremo Plenário do STF decidiu que não havia significativa prova sem sombra de dúvida da participação de Paulinho da Força… 

Bandeira falsa e furada

Volto à bandeira furada, claramente falsa. Para começar, não se pode cogitar, tecnicamente, anistia com dosimetria. São conceitos que se excluem.

A anistia significa esquecimento e apaga a condenação. Se extinta a condenação, por evidente, não se poderá individualizar e dosar penas…  ensinam os juristas que "a anistia dispensa, em caso concreto, a aplicação da lei penal, extinguindo das respectivas sanções aquele que transgrediu".

O trio (Paulinho da Força, Temer e Aécio) confunde anistia —ou seja, o esquecimento aos crimes perpetrados por Bolsonaro e partícipes delinquenciais— com um projeto de lei ordinária para modificar o Código Penal — uma lei nova para melhorar a vida dos condenados. Essa lei nova, ao contrário da anistia, não vai passar borracha em condenações pelo STF nem extinguir as punições. Irá, tão somente, abaixar penas.

Há ainda um rasgo maior da falsa bandeira do trio: o ponto que fala em pacificação, com patriótico acordo entre Judiciário, Parlamento e Executivo e, certamente, sob a condução de Temer.

Por lei penal melhor —portanto, retroativa—, as sanções poderão ser reduzidas até ser feita, em certas situações, uma absorção de tipos penais distintos.

Mas, isso tem natureza de política criminal. Não tem nada relacionado a pacificação, que se dá por anistia — algo incogitável e inconstitucional.

Atenção, muita atenção!

Uma coisa é favorecer, pelo exagero das condenações do STF, os que foram usados pelo núcleo crucial capitaneado por Bolsonaro como massa de manobra — os chamados bagrinhos. Outra coisa, bem diversa, é reduzir penas do núcleo crucial.

Em outras palavras, não se pode reduzir sanções de réus que, conscientemente, atentaram violentamente contra o Estado de Direito e tentaram dar golpe de Estado. E consumaram, intencionalmente (dolosamente), os dois delitos contra a democracia, por meio de uma organização criminosa estável e permanente, a atentar à paz pública…   os 'bagrinhos' não atuaram para lesar objetividades jurídicas diversas (atentado ao Estado de Direito e golpe de estado), nem tiveram consciência de aderir a uma organização criminosa. Devem, portanto, continuar a responder por um só crime contra o Estado nacional, além do duplo dano patrimonial.

A bandeira do trio Temer, Aécio e Paulinho é enganosa. Com o incendiário Bolsonaro nunca haverá pacificação, basta olhar para o filho Eduardo, que está nos EUA para influenciar o governo Trump e trair o Brasil… -

Aliás, Temer, com emprego de ética ambígua, não reprova Eduardo Bolsonaro. Disse no UOL News, em agosto, que é um caso de filho que protege o pai, ou seja, algo justificável.

Mais ainda, o conhecido pelego Paulinho terá de apresentar um projeto legislativo, simples e bem amarrado para não ensejar que os condenados do grupo crucial dele não se aproveitem… 

E não se pode esquecer —como faz Michel Temer, respeitado autor de livro e professor de direito constitucional— que o Judiciário não deve participar de acordos.

Até um reprovado em exame de qualificação profissional da OAB está careca de saber que, com a sentença (acórdão do STF), "um juiz cumpre e termina a sua função jurisdicional" e só pode consertar erros materiais por embargos de declaração.

Num pano rápido, a bandeira dita republicana e pacificadora é um engodo. Serve para ressuscitar três figuras da vida política que, quando na ativa, queimaram os seus filmes… 

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

 



Deputados fazem do Congresso bunker para o crime organizado… -

Josias de Souza - UOL

Os deputados transformaram a obsessão pela autoproteção num processo de deformação das estruturas arquitetônicas de Niemeyer. Ao se blindar contra ações judiciais, fizeram do Congresso um bunker que o crime organizado jamais imaginou obter.

Aprovada na Câmara, seguiu para o Senado a PEC que submete prisões em flagrante e ações criminais contra congressistas ao aval deles próprios. O texto também fornece foro privilegiado a presidentes de partido, mesmo sem mandato.

O placar folgado da Câmara fez o gênio da arquitetura revirar no túmulo. Se o escárnio for confirmado pelos senadores, Niemeyer saltará da cova. As cuias dos plenários do Congresso —a da Câmara com as bordas viradas para o céu, e a do Senado, emborcada para baixo— serão abrigos fortificados para proteger criminosos… 

A regra da autoproteção existiu até 2001. Foi extinta, sob pressão social, porque resultava em impunidade. Escolheu-se um momento estratégico para a restauração da imoralidade. O objetivo é matar futuras ações penais, beneficiando desde assaltantes das verbas federais das emendas até Eduardo Bolsonaro, indiciado por tramar contra o Judiciário e o interesse nacional nos Estados Unidos.

Noutros tempos, o crime organizado financiava a eleição de seus representes. Confirmando-se a blindagem, os criminosos comprarão seus próprios mandatos. O bunker congressual é tão extraordinário que estimula o PCC a ocupar o Congresso sem intermediários…


Trânsito e Pizza/Pipoca, por Cesar Brunetti - Sr. Brasil - 15/12/2013

REPOSTANDO A MATÉRIA COLOCADA NO BLOGG EM DEZ,2013.


Como nasce um jingle de sucesso ? Essa matéria eu vi no G1 em um podcast assinado por Braulio Lorentz, Gabriela Sarmento e Rodrigo Ortega. Chama a atenção o descuido (talvez seja descaso?) que certos "jornalistas ou similares" publicam seus artigos tratando certas matérias com tamanha superficialidade que não tem como leitores mais atentos como eu, escreveram algo a respeito. O podcast em questão analisa música para jingles comerciais que marcaram época e foram sucessos na mídia brasileira (rádio e tv), ficando assim, gravadas nas memórias do povo para sempre. Entre essas músicas a matéria cita uma em especial. "Pipoca com Guaraná", um dos maiores sucessos entre o meio publicitário brasileiro. Na matéria entrevistam um dos sócios da MCR, estúdio paulista que trabalha com jingles publicitários, sr. Sérgio Campanelli. Ao lermos, fica a impressão que o ator da música é o entrevistado e isso NÃO É CORRETO. 
     Assim como plagiar, copiar, não citar o autor de uma obra, omitir a informação correta também é muito feio. Campanha publicitária da Guaraná da Antarctica desenvolvida em 1991, foi sem dúvida um dos melhores jingles feitos na publicidade brasileira, premiado diversas vezes. "Pipoca na panela"  foi criada pelo compositor paulistano Augusto César Nastari Brunetti, César Brunetti como era conhecido no meio artístico. Autor de inúmeros sucessos musicais, (entre os quais o jingle musical dos bichinhos da Parmalat e a canção tema da campanha do ex-presidente Henrique Cardoso)  Brunetti também compôs músicas que vieram enriquecer o catálogo musical do Brasil como " carro de poliça" (gravado por Ary Toledo) e outras gravadas por Elizeth Cardoso e Lingua de Trapo.Uma das características do brasileiro está esta em especial, a de não reconhecer seus compositores, autores, intérpretes e outros como deveriam. As vezes se apossando de "coisas que não tem dono". Essa tem!!!!!!  Portanto fica aqui o registro e para qualquer dúvida que porventura os autores da matéria tiverem por favor é só consultar o "amansa burro" Wikipédia". Lá poderão colher maiores informação e em matéria subsequentes , talvez, retratem as coisas como realmente são.

domingo, 14 de setembro de 2025


                  Junta Militar responsável pelo desaparecimento de milhares de pessoas na Argentina

                              pianista Francisco Cerqueira Tenório Júnior, o Tenorinho

Quase 50 anos após desaparecer em Buenos Aires dias antes do golpe militar na Argentina, o pianista Francisco Cerqueira Tenório Júnior, o Tenorinho, foi confirmado morto, informou a Embaixada do Brasil na Argentina neste sábado (13/9/2025) Parceiro de Vinicius de Moraes e Toquinho, Tenório Jr. foi visto pela última vez em 18 de março de 1976, após show lotado na área central de uma Buenos Aires que vivia uma instabilidade política pré-golpe militar. Ele saiu do hotel para ir à farmácia e comprar cigarro - e nunca mais foi visto. Esse show foi realizado no Teatro Gran Rex na Avenida Corrientes , a aproximadamente 7 ou 8 quarteirões do Hotel Normandie onde também eu estava hospedado e de onde saí a pé em direção ao teatro para ver o show. Era, se não me engano,  uma quinta-feira e as ruas já estava tomadas por militares armados já prenunciando o que aconteceria dias depois. (24 de março - era meia noite e a tv nacional entrou em cadeia com a fala do General Jorge Rafael Videla comunicando a intervenção militar que depôs a Presidenta Maria Estela Martinez de Perón  (Isabelita Perón)  e que cometeu atrocidades de todo o tipo até ano de 1983.) O Golpe Militar , este realmente efetuado, que sirva de aviso aos defensores da "tentativa" que não se realizou aqui no Brasil, graças a Deus e aos comandantes do exército e da aeronáutica, verdadeiros patriotas,  que não aderiram ao plano golpista de Jair Bolsonaro e seus asseclas. 

Mais um capítulo desse registro trágico da história que se encerra. A identificação dos restos mortais de Tenórinho comprovando seu assassinato pelas forças militares do Exército Argentino possivelmente na ESMA ( Escola Superior de Mecânica Armada) uma unidade da Marinha Nacional Argentina,  centro clandestino de detenção durante a ditadura militar.  Nesse local atuava, entre muitos militares torturadores , Alfredo Astiz, um dos mais cruéis torturadores da Ditadura Militar e que teria, segundo informações posteriores, assassinado Tenórinho a tiro depois de dois dias sendo torturado.

Abaixo transcrevo a nota dada pelos familiares de Tenórinho, com certeza tomada de tristeza pelo desfecho dessa atrocidade cometida por verdadeiros monstros travestidos de militares. Que as pessoas nunca deixem de lembrar essa atrocidade para que no futuro não aconteça com nossos filhos e netos o mesmo que ocorreu com esse jovem, músico talentoso, bom pai, bom amigo,  morto por malucos aos 35 anos.

 “Recebemos a notícia da identificação do corpo de nosso pai com surpresa, claro, e um misto de alívio e tristeza. Alívio porque, finalmente, podemos saber com mais segurança o que aconteceu com ele naquele triste março de 1976. De alguma maneira, estaremos mais próximos. Tristeza pela confirmação de que Tenório foi vítima da violência e enterrado como um desconhecido, longe da família, dos amigos, dos parceiros de música.

Um pianista de apenas 35 anos, respeitado em seu meio, pai de cinco filhos, que foram privados de sua convivência, obrigando nossa mãe a criar sozinha cinco crianças, de 8, 7, 5 e 4 anos, além de uma que não chegou a conhecer o pai. Nasceu um mês depois do desaparecimento. Tenório não conheceu o filho caçula nem os oito netos.

Durante muito tempo, mesmo sabendo que era improvável, alimentamos a esperança de revê-lo. De que um dia a porta da casa se abrisse e ele entraria. O “Papú”, como o chamávamos. Com o tempo, compreendemos que não teríamos mais respostas. Que teríamos que conviver sem saber o que aconteceu de fato. É um choque saber que ele estava lá o tempo todo.

Nesta hora, lembramos principalmente da nossa mãe, Carmen, que cuidou de nós e nos protegeu de todas as formas que uma mãe poderia fazer. Que encarou dificuldades para nos criar, enfrentou tudo, chegou a ir à Argentina, prestou depoimentos às autoridades. Que nos ensinou a ter autonomia, responsabilidade, a cuidar das nossas vidas. É o que fazemos todo dia, honrando sua memória.

Ainda queremos e precisamos de respostas. Quem matou Tenório? Por quê? Por que matar um homem sem nenhum envolvimento político, que só vivia para a música? Durante anos ouvimos versões, histórias que agora se revelam falsas.

Agradecemos ao EAAF por essa descoberta depois de quase meio século. É preciso que seja feita uma nova investigação. Em nome da memória que não pode se perder. Esperamos que, desta vez, as autoridades possam nos dizer o que aconteceu. A dor não irá embora nunca, mas a justiça pode trazer conforto.

Elisa Andrea Tenório Cerqueira, Francisco Tenório Cerqueira Neto e Margarida Maria Tenório Cerqueira




Em 2011 os legisladores da cidade de Buenos Ayres colocaram essa placa na entrada do Hotel Normandie em homenagem a Tenórinho.






  • COMO NASCEM, SOBREVIVEM E SE REPRODUZEM OS NÉSCIOS ?
  • Lenio Luiz Streck - jurista e professor.
    • Há muitos livros sobre “Como morrem as democracias”, “como sobrevivem as democracias”, “como vencem as democracias”. Todavia, há poucos estudos sobre como nascem, sobrevivem e se reproduzem os néscios. Como preliminar: néscios estão umbilicalmente ligados aos autoritarismos e fascismos. Basta ver os que rezam para pneus.

Como uma democracia pode prosperar se há gente nas ruas (1) orando para um pneu, (2) saudando ETs ou (3) achando que o presidente da República tem vários clones?

Tudo isso é verdadeiro. Acontece. E aconteceu.

Afinal, o que é um néscio? O que é idiotia? Moniz Sodré escreveu interessante coluna na Folha de S.Paulo no dia 7 de setembro último.

Diz o articulista que vexame nenhum repercute na “raiz” da idiotia e seus rizomas: doença autoimune, “mente defensiva, como um condomínio fechado” (Luis Fernando Verissimo). O idiota não é visto como oligofrênico, mas sujeito de uma razão privada, distorcida. Diz Sodré: não exatamente o doido, portanto, mas se trata do produto imbecilizado de uma relação difícil com o plano da existência. Na frase “a internet deu voz aos imbecis” (Umberto Eco) ressoa essa lógica. Imbecilidade, idiotia são estratégias de rejeição ao “penso, logo existo” em favor de verdades prontas e acabadas, os dogmas. Dessa forma, uma cômoda ignorância torna-se motivo de orgulho pessoal e de ódio às ciências, artes e educação emancipadora.

Outro detalhe que Sodré nos lembra: o fechamento em dogmas religiosos  (o que dizer de centenas de pastores que agora inventaram uma nova moda – falar línguas estranhas para impressionar e enganar os fiéis, tudo para reforçar o pedido de dízimos e quejandos?) e formas de vida regressivas funciona como autodefesa dos alienados. E grito de alerta: cristalizada em doença social, a idiotia faz o trânsito natural para as perversões facinorosas da extrema direita. Tonta de inseticida histriônico, a barata arrisca-se a atravessar o galinheiro ou vota no chinelo.

          Falemos, então, de uma epistemologia dos néscios

Mauro Mendes Dias é um psicanalista deveras interessante. Escreveu o livro O Discurso da Estupidez. É uma espécie de manual para aprender a detectar as estultices. Termômetro contra a idiotia.

Ele mostra que a estupidez não é autoengendrada. Isso porque, de um lado, ela não é sem causa; de outro, ela mantém relação com o tipo de ação da verdade que emerge parcialmente nela.

Qual verdade? Aquela que metamorfoseia em certeza. Como uma aparição do além-túmulo, ela nos faz lembrar a função que cumpre o fantasma do pai morto para Hamlet, no início da peça de Shakespeare.

Assim, tendo o sujeito se ensurdecido para qualquer tipo de dúvida ou objeção, deixa-se conduzir por uma missão que clama por vingança. Diferentemente do gesto de Ulisses na Odisseia, o tapar de ouvidos aqui é condição para o sucesso de viagem em direção às rochas da estupidez, as quais não provocam a morte dos passageiros, mas sim a sua proliferação. A estupidez não precisa de teste, verificação e fundamento, diz Mauro.

A epistemologia da estultice — curas e quejandices ou Cogito, ergo estupidus

Olhando em volta, vê-se coisas que se enquadram nessa “epistemologia da estultice”, como gente acreditando que, orando, a Covid desaparece. Aliás, uma igreja catalogou durante a Covid-19 — eu vi — 13 mil curas da Covid. A mesma igreja cura hemorroidas, segundo disse o missionário em uma pregação. Bom, de qualquer modo, a estultice não está em quem prega — isso é malandragem —, e, sim, está em quem acredita. Claro que esse fenômeno é também uma metáfora da sociedade.

Também há bons exemplos em negacionismos como “não há aquecimento global”, gente que embarca no senso comum de que, afinal, ainda cai neve no mundo e, assim, não há aquecimento. Cogito, ergo estupidus.

Queimadas na Amazônia ou Pantanal? Conspiração. Claro. Está na cara. Tudo é montagem. Na verdade, os animais calcinados são apenas imagens de filmes. Isso non ec-xiste, Padre Quevedo.

Ah, esses malditos índios e caboclos botando fogo nas florestas… Essa gente não tem senso de patriotismo? Querem destruir o meio-ambiente? Isso tem de ter um fim (selo LLS de ironia!)

Assim a nave vai. O primeiro best seller depois da Bíblia foi o livro A Nau dos Insensatos, traduzido para 34 línguas. Escrito em 1494. Sim, 1494. Mas dizem que já tem gente revisando a obra de Sebastian Brant.

Agora, o livro de Mauro Mendes Dias fala dos “neoinsensatos”, em seu magnifico Discurso da Estupidez. Permito-me ainda acrescentar: tudo isso só funciona porque existe o Discurso da Servidão Voluntária, escrito por um jovem. Nos anos 60 do século 16. E a nave vai. Isso é antigo. Bom, espero que o Étienne de La Boétie não seja cancelado. Vá que…

Fumaça, fogo, cancelamentos… e quem será o próximo? Aristóteles?

Onde há fumaça, há fogo? Depende, diria um cético pós-moderno (ups: ceticismo lembra Hume e este está condenado, ao lado de Voltaire, cuja estátua foi derrubada; logo Voltaire, hein, o cara citado todo o tempo como o “cara da tolerância”; logo, vem a derrubada da estátua de Aristóteles; bom, a Bíblia será banida — o velho testamento então…; sugiro para essa gente que quer derrubar estátuas uma leitura de Gadamer, quem disse que a distância temporal é, antes de tudo, um aliado e não um inimigo — o problema é: quem vai explicar Gadamer para eles?)

E quando acharem uma nota de rodapé para “cancelar” Gadamer também? E quando os canceladores resolverem cancelar a civilização? Paradoxo da tolerância. E não é aquele de que falava o Popper — quem deve ter algo para ser cancelado também. Já sei, gostava do Churchill, que já teve estátua derrubada — também está lascado. Veja-se que estultices não tem ideologia. São de todos os “lados”.

O negacionismo jurídico e as cinco leis da estupidez comentadas artigo por artigo

Sigo um pouco mais, para falar sobre o negacionismo e a epistemologia da estupidez na área jurídica. O interessante é que não há organização dos estultos. Mas parece haver uma mão invisível que os organiza, como lembra Carlo Cipolla, no livro Allegro, ma non tropo, uma sátira sobre a estupidez. A mão invisível do mercado da estupidez. Cipolla nos brinda com uma epistemologia dos néscios (a expressão é por minha conta), mostrando as cinco leis fundamentais, que já adapto para o direito:

1. Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo jurídico.

2. A probabilidade de que uma determinada pessoa formada em direito seja estúpida é independente de qualquer outra característica da mesma pessoa.

De fato, essa segunda lei também é verificável, já que nas diversas camadas da área jurídica, a distribuição do IE — índice de estupidez é quase igual. Facilmente perceptível nas redes sociais e nos comentários de colunas jurídicas aqui nesta ConJur.

3. Uma pessoa estúpida — mormente se tiver formação jurídica (porque são muitos) — é aquela que causa dano a outra pessoa ou grupo sem, ao mesmo tempo, obter um benefício para si mesmo ou mesmo causar prejuízo.

Uma pessoa estúpida é aquela que prejudica os outros e muitas vezes também ela mesma. Basta ver nas redes sociais. Se você posta algo sofisticado, o estúpido (mormente o formado em direito) vem e faz como o pombo no jogo de xadrez: esculhamba as pedras e faz cocô no tablado. E sai dizendo que venceu. De peito estufado. Orgulhoso de sua vencedora estupidez.

Por que um néscio quer esculhambar o discurso que ele não entende ou nunca se esforçou para entender? Segundo Cipolla, há ainda o supernéscio: aquele que esculhamba os não-néscios e ainda se prejudica, sendo processado pelo que postou. Ou seja, só prejuízo.

. Juristas não-estúpidas sempre subestimam o potencial prejudicial de estúpidos.

5. O estúpido (ou néscio) é o mais perigoso.

Por último, a quinta lei é autoaplicável. Como diz Cipolla, Todos os seres humanos estão incluídos em quatro categorias fundamentais: o desavisado, o inteligente, o malvado (ou ladrão) e o estúpido. De onde: (1) A pessoa inteligente sabe que é inteligente; (2) o malvado está ciente de que ele é mau; (3) o desavisado é dolorosamente imbuído do senso de sua própria sinceridade e, (4) ao contrário de todos esses personagens, o estúpido não sabe que é estúpido. Ele não sabe que não sabe.

Como acentua Cipolla, isso de não saber que não sabe (essa parte é minha) contribui para dar maior força, incidência e eficácia à sua ação devastadora. Aqueles que sabem que não sabem estão perdidos, entre todos aqueles que acham que sabem que sabem, aqueles que sabem que não sabem, mas fazem mesmo assim  razão cínica — e aqueles que não sabem que não sabem e não querem saber que não sabem tudo aquilo que não sabem e nem querem saber.

Enfim, não inventei as cinco leis. Foi Cipolla. E Mauro Mendes Dias as aperfeiçoou.