terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Lili (Hi-Lili, Hi Lo) - Trio Madrigal - 1953



Corria o ano de 1956. Meu Pai e minha Mãe arranjaram uma camionete emprestada do patrão do meu pai (studebacker )   pegaram os 4 filhos pequenos e se enfiaram  na  estrada  rumo  a   Lavras do Sul, RS onde residiam meus  avós por parte de pai.  Dois dias de  viagem, poeira e pedregal na "várzea do Seival" (região onde ocorreu a batalha do Seival ,  um conflito militar que ensejou a proclamação da República Rio-Grandense por Antônio de Sousa NetoO embate deu-se nos campos dos Meneses, cruzando o arroio Seival, estado do Rio Grande do Sul). No primeiro dia tudo ocorreu normalmente, uma viagem super agradável, mesmo porque, quando se é criança, o desconforto ( imagina 6 numa cabine simples de uma camionete  viajando 350km) não faz a mínima diferença. A noite dormimos em um pequeno hotel a beira estrada, todo mundo feliz e ansiosos para chegar ao destino final. Levantamos cedo e estrada de novo. O dia amanheceu chovendo torrencialmente e andamos horas e horas com a chuva sem dar trégua. Aí a coisa começou a pegar. Estrada lamacenta, aquela camionete insistia em sair fora da estrada e meu pai, concentrado, tenso , agarrado ao volante lutava contra a eminente possibilidade de ficar atolado no "barral". E de-lhe chuva. E o medo nos pequenotes estava instalado. Aí, vem a chave de registro na memória. Minha mãe, agarrada nos filhos, ali juntinho cantava a musica acima chamada Hi-Lili-Hi-Lo, na versão composta por Haroldo Barbosa, em português e que foi gravada no Brasil, naquela época pelo Trio Madrigal. Caiu a noite e a estrada entre Caçapava do Sul e Lavras era um mar d'água. Entre essas duas cidades, na época existiam perto de 40 pontilhões de madeira que cruzavam por vários arroios da região. Não se enxergava essas pequenas pontes pois a água cruzou a estrada por cima. E minha mãe, coitada, cantava e cantava para espantar o medo nos filhos. Numa altura do trecho, minha mãe desceu da camionete e ia na frente a pé, mostrando a meu pai onde estava a estrada pois não conseguia ver mesmo com os faróis ligados. E assim fomos indo, despacito rumo ao destino final. Por fim depois de horas de terror, chegamos, ilesos. E felizes novamente. E registrado na memória para sempre, a voz da minha mãe, procurando proteger os filhos. Junto com a música de alento, a viagem assustadora que acabou bem. A benção Mãe...abenção..pai...


Um passarinho me ensinou
Uma canção feliz
E quando solitário estou
Mais triste do que triste sou
Recordo o que ele me ensinou
Uma canção que diz:

Eu vivo a vida cantando
Hi, Lili, hi, Lili, hi lo
Por isso sempre contente estou
O que passou, passou
O mundo gira depressa
E nessas voltas eu vou
Cantando a canção tão feliz que diz
Hi, Lili, hi, Lili, hi lo
Por isso é que sempre contente estou Hi, Lili, hi, Lili, hi lo

Eu vivo a vida cantando
Hi, Lili, hi, Lili, hi lo
Por isso sempre contente estou
O que passou, passou
O mundo gira depressa
E nessas voltas eu vou
Cantando a canção tão feliz que diz
Hi, Lili, hi, Lili, hi lo
Por isso é que sempre contente estou Hi, Lili, hi, Lili, hi lo


Versão brasileira : 1953
Autor: Haroldo Barbosa
gravação: Trio Madrigal, 


Um comentário:

  1. Oi Ivanhoé eu me lembro dessa canção. A Lia cantava também. Não sei se aprendeu com a tia Ilse. Lembras de nós naquele caminhão indo de Ijuí para a pescaria no alto Uruguai. Vermelhos de pó. Oh terra vermelha aquela. O Peca de branco estava vermelhinho.
    Te lembras do acampamento no rio Ibicuí com enchente e que virou a carreta de mantimentos e a lata de banha abriu, derramando banha por tudo. Te lembras dos mosquitos. E do Natal com garrafas cheias de vagalumes feitas por nós. Dá para escrever um livro de lembranças e aventuras. Abraços. Cláudia.

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