sexta-feira, 4 de maio de 2012

BAGÉ (RS) - ÀS ESCURAS...


Prefeitura Municipal de Bagé - RS

Antiga Estação Ferroviária e hoje Centro Administrativo de Bagé RS


Meu amigo gaúcho, músico nato, pecuarista, advogado, comunicador, desembargador (dos melhores) aposentado, Dr. Ruy Armando Gessinger, está neste momento numa Feira de Negócios - Fenovinos na cidade de Bagé, Rio Grande do Sul. ( atenção bebuns distraídos - não é feira de vinhos..é feira de ovinos!!! OVINOS e não ovonis - Feira de Ovos) Confesso que estou com inveja, pois Bagé , é uma cidade muito bacana, em especial, seus habitantes. Haras maravilhosos e o berço, segundo alguns, do cavalo crioulo. (aquele do verso do Mauro e do Borges - "cavalo crioulo padrão". Pois bem. Isso é um preâmbulo e justificativa para lembrar uma passagem do  degas aqui, longe em quantia " do meu (seu) Bagé" e do pago riograndense, (seu, meu) Cachoeira do Sul, onde nasci e fui batizado com esse nome inglês aí do blog... Ivanhoé Ferreira.
 
Corria os anos 70 . Fui a Bagé atrás de uma guria. Me hospedei no Hotel Charrua (deve ainda estar lá no mesmo lugar) juntamente com um amigo parceiro que me acompanhava. Chegamos lá por volta das cinco de la tarde, e fomos direto ao pouso, tomar um banho e nos "apreparar" para a noitada que prometia ser, das melhores. Fico aqui relembrando, quantos kilometros fazíamos para ir  atrás de um rabo de saia. Não tinha tempo ruim ,não tinha distância e nem hora.( de Ijui a Bagé são 385 Km) Tinha conhecido essa moça num baile tradicionalista num CTG de Santa Maria. No baile não deu pra pegar firme pois a vigília era tamanha, no máximo uns encostos de quando em vez e deu prá bola. Os pais ali por perto e então combinamos de nos ver em Bagé. Era a cidade dela e lá, "a cosa" ia ser diferente. Na época eu era serventuário da Justiça no Foro de Ijui RS, Tinha meu carrinho sempre ajeitado, perfumoso até no banco trazeiro. Volante esporte, rodas de aluminio estreladas tinha até uma anteninha safada no teto (coisa mais estúpida, furar o teto do carro pra por uma antena, cheguei) enfim, um verdadeiro veículo segundas intenções. Mas voltemos ao Bagé. Comemos alguma coisa no hotel esperando a noite cair. Era mês de agosto, me lembro bem pois numa certa altura falei pro companheiro - "caramba, como faz frio esse tal de de mês de agôsto", parodiando nosso querido poeta maior Luiz Menezes em um dos seus singulares poemas. Bem arrumadito, calça "dins" , uma bota cano longo por baixo da calça,escondendo o cano da bota, camisa manga longa, um casaco forte pro frio e lá se foi o gauchinho ao encontro da prenda. Meu parceirinho, Orlando Fontana, ficou no Hotel pois fiquei de pegar a moça  e se a coisa enroscasse, (entenda-se como ela não querer ir aonde eu a queria levar) eu iria pega-lo para ir junto com a gente num baile que ia ter por lá. Saí do Hotel e entrei numa avenida que tinha por ali e daí...o mundo veio abaixo. Fui fazer um contorno na dita avenida e não consegui por causa do espaço reduzido. Acontece que na calçada tinha um poste com um transformador, desses gigantes. Neste dito cujo poste, um rabicho de arame trançado preso nele e no chão, na calçada. Meu carrinho subiu pelo rabicho, como querendo alcançar o topo do poste e tudo veio abaixo.
Poste, transformador, fios, o inferno . Aquilo desabou por inteiro, o transformador de um lado do carro e o poste do outro. Eu exatamente no meio. Consegui dar ré no carro e voltar pra rua, mas a cidade inteira, foi se apagando, lâmpada por lâmpada, tanto na rua como nas casas. Eu vi a escuridão chegando e pensei. To ferrado. Preciso me mandar da cidade pois isso vai dar um confusão dos diabos. E já tinha me esquecido "da noiva" a minutos atrás. Saí de volta pro hotel em desabalada carreira, pegar meu parceiro. Foi a estadia mais rápida do Hotel Charrua de Bagé. Meu companheiro não sabia o que tinha acontecido e achou que o problema era com a familia da moça. Eu não tinha tempo de explicar e o Hotel estava as escuras, não conseguíamos recolher as coisas no apartamento. A coisa era grave. Em 5 minutos estávamos na rua de novo, passei por longe do desastre e esperando sempre que alguém me detivesse, pois com certeza teve gente que presenciou a cena e viu minha fuga. Nos mandamos estrada afora e  nunca mais voltei a Bagé onde tenho grandes amigos, entre os quais, um em especial. Diogo Madruga Duarte, companheiro da barranca do Rio Uruguay onde, todos os anos na Páscoa, vamos ao Festival da Barranca. Nunca contei a ele a arte. Naquela semana o Jornal de Bagé noticiou : "BAGÉ - as escuras" e baixava a lenha no prefeito da cidade. Azar o dele. Chegamos de volta a Ijui, onde eu morava, cedito da manhã, cansados até, mas com o dever, cumprido. A moça até hoje deve estar se perguntando o que foi que aconteceu pois sabia da minha ida até lá. Mas não ficou sabendo o que tinha ocorrido depois. Eu e meu parceiro, dando muita risada de mais essa trapalhada, tudo em nome dos" bons" costumes Fui...

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