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Carlos Paez Vilaró - 1923 - 1914 |
Conheci Carlos Paez Vilaró quase por acaso. Era inverno no Uruguay, fazia muito frio naquele mes de agosto de 1988. Eu estava morando em Montevidéo fruto de meu trabalho como Representante Comercial de uma empresa brasileira, fui a Punta Ballena , que é uma peninsula situada em Punta del Leste, Provincia de Maldonado, a convite de um amigo uruguayo. Meu amigo me levou até a Casa Pueblo, local onde residia Carlos Vilaró e onde tinha seu atelier de pintura. Para nossa surpresa, quem nos recebeu atendendo nosso chamado, foi o próprio. De bermudas, exibindo um sorriso mais que simpático, logo nos deixou inteiramente a vontade como se amigos fôssemos a muito tempo. Segredou sua simpatia pelos brasileiros e logo estávamos trocando histórias principalmente sobre Vinicius de Moraes e Toquinho a quem recebia todos os anos em sua residência. Nos mostrou o auditório Vinicius de Moraes onde se encontra vários registros da passagem do nosso "poetinha" maior. Muitas vezes lá se apresentou juntamente com seu parceiro Toquinho. Falamos muito também sobre folklore pois Vilaró foi um grande incentivador do candombe (ritmo musical) no seu país. Seu trabalho como pintor retrata muito essa influência dos negros africanos no Uruguay. Sua trajetória como pintor, escultor, escritor é riquíssima. Idealizou, projetou e construiu ele mesmo a casa onde morava e onde recebia gente de todo o mundo. Ao despedirse, me presenteou com um dos seus livros , "Entre mi hijo y Yo La Luna" que conta toda a sua luta para encontrar seu filho Carlitos, um dos sobreviventes do desastre aéreo nos Andes (outubro de 1972) Estive com ele várias vezes depois disso. Ia a Punta del Leste duas ou três vezes por mês e sempre passei "pá tomar unos mates" como falava. Hoje é um dia triste para nosso amado Uruguay. Perde Carlos Paez Vilaró, aos 90 anos de muito trabalho e criação. Quero aqui homenagealo postando este registro humilde e sincero da mais alta admiração. Aos filhos Agó P.Vilaro e a Carlitos meus sentimentos pela passagem dessa pessoa tão cheia de coisas belas por ele produzidas. Se foi o artista extraordinário, fica a lembrança querida e sua obra gigantesca e o carinho de todos nós, seus admiradores. Descanse em paz Vilaró.
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Vilaró e seu Taller |
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Casa Pueblo |
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No candombe...viva o folklore. |
"Se fué a pintar al cielo esta mañana!"
ResponderExcluirÉ a manchete do El País.