"História" da MPBrasileira... |
“Histórica foto da MPB, tirada na cobertura de Vinicius de Morais, no Jardim Botânico, quando os grandes nomes e os jovens talentos da música popular se reuniram para produzir músicas de carnaval, convidados por Vinicius a pedido da gravadora Philips, então dirigida por João Araujo, pai de Cazuza. As músicas de carnaval estavam decadentes, de baixíssimo nivel, e Vinicius conclamou os presentes a produzir sambas, frevos e marchinhas que restaurassem o esplendor e a alegria de velhos carnavais. De copo de uísque e cigarro na mão, de terno e gravata listrada, o jovem compositor (e também reporter do Jornal do Brasil, que estava cobrindo o encontro). Atrás dele, Luiz Eça, grande pianista e fundador do Tamba Trio, ao lado, de jaqueta de veludo e calça clara, um lorde inglês, Francis Hime, atrás dele Helena Gastal, futura grande figurinista de novelas da TV Globo, ao lado de Francis sua futura mulher, de preto e meias brancas, Olivia Hime, atrás dela, de paletó e gravata, meio boquiaberto, Edu Lobo, com o braço sobre os ombros de Lenita Plonczynska, depois parceira de Domingos de Oliveira em inumeros roteiros de televisão, na época esposa de Luiz Eça. À esquerda de Edu, Tom Jobim lindíssimo, na flor da idade, ao lado dele, de cabelos curtos e paletó escuro, o jovem e talentosíssimo poeta Torquato Neto, recém-chegado ao Rio com Gilberto Gil (o único dos “grandes nomes da MPB” da época que não estava no encontro) e Caetano Veloso, ao seu lado, sorridente e de cabelos cheios, ao lado do poeta baiano e letrista maior, o futuro tropicalista José Carlos Capinam, tendo ao lado, todo de branco, sereno e elegante, o jovem Paulinho da Viola, criado na Portela e revelado no histórico show “ Rosa de Ouro”, de Herminio Bello de Carvalho. Ao lado de Paulinho, de cabelo repartido, o talentoso compositor Sidney Miller, que foi meu colega no Colégio Santo Inácio, onde tinha o apelido de “Ratinho” e morreu com trinta e poucos anos. Logo abaixo dele, de bigode e óculos, bem sério, Dori Caymmi, ao lado dele, todo bonitão de sueter clara e camisa escura, João Araújo. Depois Vinicius, como sempre de camisa preta, de braço dado com Linda Batista, a veterana cantora, uma expert em carnaval. Entre Vinicius e eu, de tailleur, a filha do então prefeito Negrão de Lima, Jandira, compositora amadora, convidada por Vinicius numa jogada de diplomacia artística. Ao lado de Linda Batista, lindíssimo, de gola rulê, Chico Buarque, na frente dele, de bigodinho, meio careca, de camisa clara e terno escuro, o grande violonista e compositor Luiz Bonfá. Atrás dele, com um ar meio cansadão, o negro de terno claro e gravata escura, é Zé Kéti, um dos grande nomes do samba carioca, que dividiu com Nara Leão e João do Vale o estrondoso sucesso do musical politizado “Opinião”, ao lado dele, segurando um cachorro (por que um cachorro ali ?) uma jovem desconhecida, ao lado dela, de paletó e camisa clara, olhando de lado meio esquisito e de copo na mão, o futuro genial arranjador Eumir Deodato. Na extrema direita outra jovem desconhecida, sem ligação profissional com a música, talvez mais uma das “viniçettes”, fãs do poeta que o seguiam em festas e reuniões. Ao seu lado, de cabelos escuros repartidos em bandó, a bela mineira Maria Helena Toledo, mulher de Bonfá, tendo ao lado, de cabelos curtos, a compositora e cantora paulista Tuca, gorda e simpática, vitoriosa em festivais e iniciando carreira promissora, morreu com menos de 30 anos, do coração. Na frente, de cabeça branca, o já veterano João de Barro, o “Braguinha”, o maior compositor de carnaval de todos os tempos, o único profissional entre os presentes. Foi o único que fez uma música de carnaval, os outros todos só beberam uísque e saíram na foto, sem saber que estavam fazendo história com o que não aconteceu.”
nota: Isso aí é achado na internet, mais precisamente no site do Nelsinho Motta,(http://www.nelsonmotta.com.br/) na época jornalista repórter do Jornal do Brasil e que teve o privilégio de sempre estar no meio dessa turma da pesada. Nelson Motta , tenho a impressão, é o maior testemunho vivo da época mais linda e criativa da Música Popular Brasileira. Para nós, que acompanhamos como espectadores e ouvintes desses verdadeiros poetas, artistas, compositores, cantores , ter Nelson Motta nos presenteando com tais registros é muito prazeiroso. Tenho a certeza que "as gentes velhas" gostarão do post...fui.
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