terça-feira, 2 de outubro de 2012

MOLEZA e a eleição... - Jessier Quirino



MALANDRO NA ELEIÇÃO.

Era uma vez um malandro que fugiu da detenção
Em tempos longes, mofados, de roubo e depravação
De malandragem finória, daria até outra história
Não fôsse a convocatória duma bendita eleição...

É que o malandro Moleza, como era conhecido
Se escondeu num caminhão prá mode não ser detido
E deu-se então, uma fuga, de grande sabedoria,
Pois tinha sido traçada, com toda geometria...
Fugia ali de carona, por debaixo duma lona,
Por sobre a carroceria.

E já no fim da viagem, quando o caminhão parava,
Moleza foi espiar, mais ou meno onde é que tava,
Ficou  então espantado, sem muita compreensão,
Pois o caminhão parava, no meio duma multidão...

A multidão se empurrava, com festa e reboliço,
Afinal, ali chegava, o palanque do comício,
De onde os home ia falar, e pra Moleza escapar,
Ia ser um estrupiço...

Com pouco mais foi subindo, aquelas arturidade,
Prá mode falar pro povo, de suas capacidade...

E por debaixo da lona, o malandro observou,
A tal da politicagem, por detrás dos bastidor,
Pra sua grande surpresa, viu esperança acessa,
A política lhe chamou...

Ouviu um homem falando, com a voz de Senador,
- Hoje vai ser moleza, digo a você com certeza,
Já temos dez orador...

Escutou um esquerdista, e agitador sindicá,
- Nós exigimos moleza, pro setor industrial...

Ouviu depois, uma dama, com vozeirão de artista,
Era líder feminista, e dos direitos das Mulé,
Que dizia com brabeza, - Os home só quer moleza,
Mas nós Mulé também quer!!!

Esse magote de gente, usava de esperteza,
Em nome da capitá e também da redondeza...

Uns falava abaixadinho, mas demonstravam franqueza,
De tudo não se sabia, mas lá no fundo se via,
Que só queria, moleza...

Ouvindo aquele chamado, de tamanha envergadura,
Moleza viu liberdade, no lugar da captura,
No mei da fuga acuada, findava sendo lançada,
A sua candidatura...

Prá mode sair bonito, no papé de orador,
Moleza foi se alembrando, do que era sabedor...
Aproveitou sua fama, de ser grande atirador,
E se lançou : Pistolão, de todos os eleitor...

O cartaz era uma pistola, sobre título eleitorá,
E uma frase que dizia: - Ou você dá voto a mim,
Ou então vai se lascar...

E pegou o microfone, com a maior desenrolança,
Falou de roubo, de jogo, de traficança e matança,
Partiu no mei três partido, partiu depois no comprido,
Dobrou e fez uma trança...

Fez de forma democrática, um acôrdo partidário,
Concorda quem é medroso, discorda quem é otário,
Assim tornou-se prefeito, seu vice não foi eleito,
Pois faleceu num disparo...

Prá começar o governo, criou logo um estatuto,
Onde o produto do roubo, e o roubo do produto,
Ganhava o mesmo valor, pois a ordem dos trator,
Não altera o viaduto...

Devolveu os objeto, de quem já tinha roubado,
Deu maconha e cocaína, pro eleitor viciado,
Empregou a mulherada, dos marido que matou,
Pagou o bicho roubado, de cem mil apostador,
Ficou cercando o currá, de apoio elitorá,
E se fez....governador !!!

Jessier Quirino, é arquiteto nas horas vagas. Nas horas vagas, digo eu, pois esse cabra é um poeta nato, e como ele diz, "poeta por vocação, matuto por convicção". Escutei os versos acima pela voz do Samuel Schwartzmann se não me engano, na Rádio CBN ou Band News. Achei interessante postar para que os brasileiros aqui debaixo tenham conhecimento da linda arte de Jessier e do personagem Moleza. Jessier é natural de Campina Grande, Paraíba, berço de grandes artistas brasileiros, como  Zé Calixto, o Rei da gaitinha 8 baixos,  a cantora Elba Ramalho e tantos outros. Sugiro então, que entrem no site do poeta. Vale a pena a viagem. http://www.jessierquirino.com.br/






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