quarta-feira, 17 de setembro de 2025

 



Deputados fazem do Congresso bunker para o crime organizado… -

Josias de Souza - UOL

Os deputados transformaram a obsessão pela autoproteção num processo de deformação das estruturas arquitetônicas de Niemeyer. Ao se blindar contra ações judiciais, fizeram do Congresso um bunker que o crime organizado jamais imaginou obter.

Aprovada na Câmara, seguiu para o Senado a PEC que submete prisões em flagrante e ações criminais contra congressistas ao aval deles próprios. O texto também fornece foro privilegiado a presidentes de partido, mesmo sem mandato.

O placar folgado da Câmara fez o gênio da arquitetura revirar no túmulo. Se o escárnio for confirmado pelos senadores, Niemeyer saltará da cova. As cuias dos plenários do Congresso —a da Câmara com as bordas viradas para o céu, e a do Senado, emborcada para baixo— serão abrigos fortificados para proteger criminosos… 

A regra da autoproteção existiu até 2001. Foi extinta, sob pressão social, porque resultava em impunidade. Escolheu-se um momento estratégico para a restauração da imoralidade. O objetivo é matar futuras ações penais, beneficiando desde assaltantes das verbas federais das emendas até Eduardo Bolsonaro, indiciado por tramar contra o Judiciário e o interesse nacional nos Estados Unidos.

Noutros tempos, o crime organizado financiava a eleição de seus representes. Confirmando-se a blindagem, os criminosos comprarão seus próprios mandatos. O bunker congressual é tão extraordinário que estimula o PCC a ocupar o Congresso sem intermediários…


Trânsito e Pizza/Pipoca, por Cesar Brunetti - Sr. Brasil - 15/12/2013

REPOSTANDO A MATÉRIA COLOCADA NO BLOGG EM DEZ,2013.


Como nasce um jingle de sucesso ? Essa matéria eu vi no G1 em um podcast assinado por Braulio Lorentz, Gabriela Sarmento e Rodrigo Ortega. Chama a atenção o descuido (talvez seja descaso?) que certos "jornalistas ou similares" publicam seus artigos tratando certas matérias com tamanha superficialidade que não tem como leitores mais atentos como eu, escreveram algo a respeito. O podcast em questão analisa música para jingles comerciais que marcaram época e foram sucessos na mídia brasileira (rádio e tv), ficando assim, gravadas nas memórias do povo para sempre. Entre essas músicas a matéria cita uma em especial. "Pipoca com Guaraná", um dos maiores sucessos entre o meio publicitário brasileiro. Na matéria entrevistam um dos sócios da MCR, estúdio paulista que trabalha com jingles publicitários, sr. Sérgio Campanelli. Ao lermos, fica a impressão que o ator da música é o entrevistado e isso NÃO É CORRETO. 
     Assim como plagiar, copiar, não citar o autor de uma obra, omitir a informação correta também é muito feio. Campanha publicitária da Guaraná da Antarctica desenvolvida em 1991, foi sem dúvida um dos melhores jingles feitos na publicidade brasileira, premiado diversas vezes. "Pipoca na panela"  foi criada pelo compositor paulistano Augusto César Nastari Brunetti, César Brunetti como era conhecido no meio artístico. Autor de inúmeros sucessos musicais, (entre os quais o jingle musical dos bichinhos da Parmalat e a canção tema da campanha do ex-presidente Henrique Cardoso)  Brunetti também compôs músicas que vieram enriquecer o catálogo musical do Brasil como " carro de poliça" (gravado por Ary Toledo) e outras gravadas por Elizeth Cardoso e Lingua de Trapo.Uma das características do brasileiro está esta em especial, a de não reconhecer seus compositores, autores, intérpretes e outros como deveriam. As vezes se apossando de "coisas que não tem dono". Essa tem!!!!!!  Portanto fica aqui o registro e para qualquer dúvida que porventura os autores da matéria tiverem por favor é só consultar o "amansa burro" Wikipédia". Lá poderão colher maiores informação e em matéria subsequentes , talvez, retratem as coisas como realmente são.

domingo, 14 de setembro de 2025


                  Junta Militar responsável pelo desaparecimento de milhares de pessoas na Argentina

                              pianista Francisco Cerqueira Tenório Júnior, o Tenorinho

Quase 50 anos após desaparecer em Buenos Aires dias antes do golpe militar na Argentina, o pianista Francisco Cerqueira Tenório Júnior, o Tenorinho, foi confirmado morto, informou a Embaixada do Brasil na Argentina neste sábado (13/9/2025) Parceiro de Vinicius de Moraes e Toquinho, Tenório Jr. foi visto pela última vez em 18 de março de 1976, após show lotado na área central de uma Buenos Aires que vivia uma instabilidade política pré-golpe militar. Ele saiu do hotel para ir à farmácia e comprar cigarro - e nunca mais foi visto. Esse show foi realizado no Teatro Gran Rex na Avenida Corrientes , a aproximadamente 7 ou 8 quarteirões do Hotel Normandie onde também eu estava hospedado e de onde saí a pé em direção ao teatro para ver o show. Era, se não me engano,  uma quinta-feira e as ruas já estava tomadas por militares armados já prenunciando o que aconteceria dias depois. (24 de março - era meia noite e a tv nacional entrou em cadeia com a fala do General Jorge Rafael Videla comunicando a intervenção militar que depôs a Presidenta Maria Estela Martinez de Perón  (Isabelita Perón)  e que cometeu atrocidades de todo o tipo até ano de 1983.) O Golpe Militar , este realmente efetuado, que sirva de aviso aos defensores da "tentativa" que não se realizou aqui no Brasil, graças a Deus e aos comandantes do exército e da aeronáutica, verdadeiros patriotas,  que não aderiram ao plano golpista de Jair Bolsonaro e seus asseclas. 

Mais um capítulo desse registro trágico da história que se encerra. A identificação dos restos mortais de Tenórinho comprovando seu assassinato pelas forças militares do Exército Argentino possivelmente na ESMA ( Escola Superior de Mecânica Armada) uma unidade da Marinha Nacional Argentina,  centro clandestino de detenção durante a ditadura militar.  Nesse local atuava, entre muitos militares torturadores , Alfredo Astiz, um dos mais cruéis torturadores da Ditadura Militar e que teria, segundo informações posteriores, assassinado Tenórinho a tiro depois de dois dias sendo torturado.

Abaixo transcrevo a nota dada pelos familiares de Tenórinho, com certeza tomada de tristeza pelo desfecho dessa atrocidade cometida por verdadeiros monstros travestidos de militares. Que as pessoas nunca deixem de lembrar essa atrocidade para que no futuro não aconteça com nossos filhos e netos o mesmo que ocorreu com esse jovem, músico talentoso, bom pai, bom amigo,  morto por malucos aos 35 anos.

 “Recebemos a notícia da identificação do corpo de nosso pai com surpresa, claro, e um misto de alívio e tristeza. Alívio porque, finalmente, podemos saber com mais segurança o que aconteceu com ele naquele triste março de 1976. De alguma maneira, estaremos mais próximos. Tristeza pela confirmação de que Tenório foi vítima da violência e enterrado como um desconhecido, longe da família, dos amigos, dos parceiros de música.

Um pianista de apenas 35 anos, respeitado em seu meio, pai de cinco filhos, que foram privados de sua convivência, obrigando nossa mãe a criar sozinha cinco crianças, de 8, 7, 5 e 4 anos, além de uma que não chegou a conhecer o pai. Nasceu um mês depois do desaparecimento. Tenório não conheceu o filho caçula nem os oito netos.

Durante muito tempo, mesmo sabendo que era improvável, alimentamos a esperança de revê-lo. De que um dia a porta da casa se abrisse e ele entraria. O “Papú”, como o chamávamos. Com o tempo, compreendemos que não teríamos mais respostas. Que teríamos que conviver sem saber o que aconteceu de fato. É um choque saber que ele estava lá o tempo todo.

Nesta hora, lembramos principalmente da nossa mãe, Carmen, que cuidou de nós e nos protegeu de todas as formas que uma mãe poderia fazer. Que encarou dificuldades para nos criar, enfrentou tudo, chegou a ir à Argentina, prestou depoimentos às autoridades. Que nos ensinou a ter autonomia, responsabilidade, a cuidar das nossas vidas. É o que fazemos todo dia, honrando sua memória.

Ainda queremos e precisamos de respostas. Quem matou Tenório? Por quê? Por que matar um homem sem nenhum envolvimento político, que só vivia para a música? Durante anos ouvimos versões, histórias que agora se revelam falsas.

Agradecemos ao EAAF por essa descoberta depois de quase meio século. É preciso que seja feita uma nova investigação. Em nome da memória que não pode se perder. Esperamos que, desta vez, as autoridades possam nos dizer o que aconteceu. A dor não irá embora nunca, mas a justiça pode trazer conforto.

Elisa Andrea Tenório Cerqueira, Francisco Tenório Cerqueira Neto e Margarida Maria Tenório Cerqueira




Em 2011 os legisladores da cidade de Buenos Ayres colocaram essa placa na entrada do Hotel Normandie em homenagem a Tenórinho.






  • COMO NASCEM, SOBREVIVEM E SE REPRODUZEM OS NÉSCIOS ?
  • Lenio Luiz Streck - jurista e professor.
    • Há muitos livros sobre “Como morrem as democracias”, “como sobrevivem as democracias”, “como vencem as democracias”. Todavia, há poucos estudos sobre como nascem, sobrevivem e se reproduzem os néscios. Como preliminar: néscios estão umbilicalmente ligados aos autoritarismos e fascismos. Basta ver os que rezam para pneus.

Como uma democracia pode prosperar se há gente nas ruas (1) orando para um pneu, (2) saudando ETs ou (3) achando que o presidente da República tem vários clones?

Tudo isso é verdadeiro. Acontece. E aconteceu.

Afinal, o que é um néscio? O que é idiotia? Moniz Sodré escreveu interessante coluna na Folha de S.Paulo no dia 7 de setembro último.

Diz o articulista que vexame nenhum repercute na “raiz” da idiotia e seus rizomas: doença autoimune, “mente defensiva, como um condomínio fechado” (Luis Fernando Verissimo). O idiota não é visto como oligofrênico, mas sujeito de uma razão privada, distorcida. Diz Sodré: não exatamente o doido, portanto, mas se trata do produto imbecilizado de uma relação difícil com o plano da existência. Na frase “a internet deu voz aos imbecis” (Umberto Eco) ressoa essa lógica. Imbecilidade, idiotia são estratégias de rejeição ao “penso, logo existo” em favor de verdades prontas e acabadas, os dogmas. Dessa forma, uma cômoda ignorância torna-se motivo de orgulho pessoal e de ódio às ciências, artes e educação emancipadora.

Outro detalhe que Sodré nos lembra: o fechamento em dogmas religiosos  (o que dizer de centenas de pastores que agora inventaram uma nova moda – falar línguas estranhas para impressionar e enganar os fiéis, tudo para reforçar o pedido de dízimos e quejandos?) e formas de vida regressivas funciona como autodefesa dos alienados. E grito de alerta: cristalizada em doença social, a idiotia faz o trânsito natural para as perversões facinorosas da extrema direita. Tonta de inseticida histriônico, a barata arrisca-se a atravessar o galinheiro ou vota no chinelo.

          Falemos, então, de uma epistemologia dos néscios

Mauro Mendes Dias é um psicanalista deveras interessante. Escreveu o livro O Discurso da Estupidez. É uma espécie de manual para aprender a detectar as estultices. Termômetro contra a idiotia.

Ele mostra que a estupidez não é autoengendrada. Isso porque, de um lado, ela não é sem causa; de outro, ela mantém relação com o tipo de ação da verdade que emerge parcialmente nela.

Qual verdade? Aquela que metamorfoseia em certeza. Como uma aparição do além-túmulo, ela nos faz lembrar a função que cumpre o fantasma do pai morto para Hamlet, no início da peça de Shakespeare.

Assim, tendo o sujeito se ensurdecido para qualquer tipo de dúvida ou objeção, deixa-se conduzir por uma missão que clama por vingança. Diferentemente do gesto de Ulisses na Odisseia, o tapar de ouvidos aqui é condição para o sucesso de viagem em direção às rochas da estupidez, as quais não provocam a morte dos passageiros, mas sim a sua proliferação. A estupidez não precisa de teste, verificação e fundamento, diz Mauro.

A epistemologia da estultice — curas e quejandices ou Cogito, ergo estupidus

Olhando em volta, vê-se coisas que se enquadram nessa “epistemologia da estultice”, como gente acreditando que, orando, a Covid desaparece. Aliás, uma igreja catalogou durante a Covid-19 — eu vi — 13 mil curas da Covid. A mesma igreja cura hemorroidas, segundo disse o missionário em uma pregação. Bom, de qualquer modo, a estultice não está em quem prega — isso é malandragem —, e, sim, está em quem acredita. Claro que esse fenômeno é também uma metáfora da sociedade.

Também há bons exemplos em negacionismos como “não há aquecimento global”, gente que embarca no senso comum de que, afinal, ainda cai neve no mundo e, assim, não há aquecimento. Cogito, ergo estupidus.

Queimadas na Amazônia ou Pantanal? Conspiração. Claro. Está na cara. Tudo é montagem. Na verdade, os animais calcinados são apenas imagens de filmes. Isso non ec-xiste, Padre Quevedo.

Ah, esses malditos índios e caboclos botando fogo nas florestas… Essa gente não tem senso de patriotismo? Querem destruir o meio-ambiente? Isso tem de ter um fim (selo LLS de ironia!)

Assim a nave vai. O primeiro best seller depois da Bíblia foi o livro A Nau dos Insensatos, traduzido para 34 línguas. Escrito em 1494. Sim, 1494. Mas dizem que já tem gente revisando a obra de Sebastian Brant.

Agora, o livro de Mauro Mendes Dias fala dos “neoinsensatos”, em seu magnifico Discurso da Estupidez. Permito-me ainda acrescentar: tudo isso só funciona porque existe o Discurso da Servidão Voluntária, escrito por um jovem. Nos anos 60 do século 16. E a nave vai. Isso é antigo. Bom, espero que o Étienne de La Boétie não seja cancelado. Vá que…

Fumaça, fogo, cancelamentos… e quem será o próximo? Aristóteles?

Onde há fumaça, há fogo? Depende, diria um cético pós-moderno (ups: ceticismo lembra Hume e este está condenado, ao lado de Voltaire, cuja estátua foi derrubada; logo Voltaire, hein, o cara citado todo o tempo como o “cara da tolerância”; logo, vem a derrubada da estátua de Aristóteles; bom, a Bíblia será banida — o velho testamento então…; sugiro para essa gente que quer derrubar estátuas uma leitura de Gadamer, quem disse que a distância temporal é, antes de tudo, um aliado e não um inimigo — o problema é: quem vai explicar Gadamer para eles?)

E quando acharem uma nota de rodapé para “cancelar” Gadamer também? E quando os canceladores resolverem cancelar a civilização? Paradoxo da tolerância. E não é aquele de que falava o Popper — quem deve ter algo para ser cancelado também. Já sei, gostava do Churchill, que já teve estátua derrubada — também está lascado. Veja-se que estultices não tem ideologia. São de todos os “lados”.

O negacionismo jurídico e as cinco leis da estupidez comentadas artigo por artigo

Sigo um pouco mais, para falar sobre o negacionismo e a epistemologia da estupidez na área jurídica. O interessante é que não há organização dos estultos. Mas parece haver uma mão invisível que os organiza, como lembra Carlo Cipolla, no livro Allegro, ma non tropo, uma sátira sobre a estupidez. A mão invisível do mercado da estupidez. Cipolla nos brinda com uma epistemologia dos néscios (a expressão é por minha conta), mostrando as cinco leis fundamentais, que já adapto para o direito:

1. Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo jurídico.

2. A probabilidade de que uma determinada pessoa formada em direito seja estúpida é independente de qualquer outra característica da mesma pessoa.

De fato, essa segunda lei também é verificável, já que nas diversas camadas da área jurídica, a distribuição do IE — índice de estupidez é quase igual. Facilmente perceptível nas redes sociais e nos comentários de colunas jurídicas aqui nesta ConJur.

3. Uma pessoa estúpida — mormente se tiver formação jurídica (porque são muitos) — é aquela que causa dano a outra pessoa ou grupo sem, ao mesmo tempo, obter um benefício para si mesmo ou mesmo causar prejuízo.

Uma pessoa estúpida é aquela que prejudica os outros e muitas vezes também ela mesma. Basta ver nas redes sociais. Se você posta algo sofisticado, o estúpido (mormente o formado em direito) vem e faz como o pombo no jogo de xadrez: esculhamba as pedras e faz cocô no tablado. E sai dizendo que venceu. De peito estufado. Orgulhoso de sua vencedora estupidez.

Por que um néscio quer esculhambar o discurso que ele não entende ou nunca se esforçou para entender? Segundo Cipolla, há ainda o supernéscio: aquele que esculhamba os não-néscios e ainda se prejudica, sendo processado pelo que postou. Ou seja, só prejuízo.

. Juristas não-estúpidas sempre subestimam o potencial prejudicial de estúpidos.

5. O estúpido (ou néscio) é o mais perigoso.

Por último, a quinta lei é autoaplicável. Como diz Cipolla, Todos os seres humanos estão incluídos em quatro categorias fundamentais: o desavisado, o inteligente, o malvado (ou ladrão) e o estúpido. De onde: (1) A pessoa inteligente sabe que é inteligente; (2) o malvado está ciente de que ele é mau; (3) o desavisado é dolorosamente imbuído do senso de sua própria sinceridade e, (4) ao contrário de todos esses personagens, o estúpido não sabe que é estúpido. Ele não sabe que não sabe.

Como acentua Cipolla, isso de não saber que não sabe (essa parte é minha) contribui para dar maior força, incidência e eficácia à sua ação devastadora. Aqueles que sabem que não sabem estão perdidos, entre todos aqueles que acham que sabem que sabem, aqueles que sabem que não sabem, mas fazem mesmo assim  razão cínica — e aqueles que não sabem que não sabem e não querem saber que não sabem tudo aquilo que não sabem e nem querem saber.

Enfim, não inventei as cinco leis. Foi Cipolla. E Mauro Mendes Dias as aperfeiçoou.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

 


Farra desmoraliza o "simplão" da farofa e expõe Bolsonaros multimilionários
 Reinaldo Azevedo: colunista do UOL

Imagem de vídeo em que Bolsonaro é "flagrado" comendo farofa numa barraca no dia 30 de janeiro de 2023 e emporcalhando a roupa e o chão. Caiu mal como retrato do homem do povo, que é limpo, não custa notar. Sai o mito da farofa e entra o político milionário

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Estou afônico, falando por cochichos aspirados, razão por que estou afastado do "Olha Aqui", do rádio, da TV e do Youtube. Mas escrever eu posso, nos intervalos entre médicos. Ai de mim que sou falante! Vamos ver.

Estou fascinado com o desempenho financeiro dos Bolsonaros. O ex-presidente movimentou entre 1º de março de 2023 e 7 de fevereiro de 2024 pouco mais de R$ 30 milhões. Atenção! O "movimento" inclui entrada e saída de dinheiro. Por intermédio do PIX, arrecadou a fabulosa quantia de R$ 19,3 milhões, em 1.214.254 lançamentos. Os "patriotas" são mesmo muito generosos. Num período maior, de março de 2023 a junho de 2025, chega-se à astronômica quantia de R$ 44,28 milhões.

Que coisa! São golpistas, desbocados, vulgares e... milionários. Qual é a origem da fortuna em moeda sonante? Notem que não se está falando sobre patrimônio… 

                                        MITO DE QUÊ?

Jair Bolsonaro inventou, para ficar no vocabulário específico, o "mito" do "simplão" que se contenta com pouco; que não se apega às pompas, a não ser as militares -- que ele jamais mereceu porque "mau militar" (Geisel) --; que se orgulha de sua incultura, qualquer que seja o critério que se empregue para avaliá-lo; que considera qualquer forma de apuro do gosto uma frescura; que faz marketing de sua truculência supostamente carinhosa com aqueles de quem gosta... A fórmula não é assim tão estranha ao populismo de extrema direita. É inegável, no entanto, que a personagem caiu no gosto de milhões de pessoas. Podemos achar espantoso, mas é fato. Um fato espantoso... (digo eu: na verdade isso aconteceu lá atrás por volta de 1937 onde milhões de alemães acreditaram num senhor que falava bastante alto, era enfático em sua pregação fascista de extrema direita e que acabou matando milhões de pessoas com sua retórica maluca)

No dia 30 de janeiro de 2022, sua turma divulgou um vídeo em que ele aparecia comendo farofa com churrasco numa barraca, emporcalhando o chão e a própria roupa. Pegou mal até para admiradores, e o troço sumiu do ar.

Lideranças com esse perfil costumam exaltar suas virtudes místicas, bafejadas pelo além. Segundo ele próprio, já foi contemplado com alguns milagres, o que, obviamente, o distancia de nós, os sem-milagres. Durante a pandemia, como se sabe, resolveu ser um eficaz barqueiro do rio da morte. Elegeu-se em 2018 na onda da Lava Jato: atacava minorias e desprezava os direitos humanos, mas, ora vejam!, seria honesto e teria a coragem de dizer o que os outros não diziam por receio de "patrulhas" de esquerda… 

Pois é... Fica evidente, mais uma vez, que o "homem do povo" e seus familiares nadam em muitos milhões, cuja origem é, para dizer pouco, obscura. Olhemos todos para a nossa própria vida financeira; pensemos nas dificuldades do dia a dia; em quanto esforço é necessário para guardar algum dinheiro para se proteger um tantinho do inesperado; nas vezes em que, mesmo estando na parte do alto da pirâmide, adiamos alguns anseios porque, afinal, a grana é curta… - 

                                         AMBICIOSO

Ah, definitivamente, esse mal não acomete os mártires da família, incluindo o patriarca. Sabemos o que já fez contra a democracia. Vai pagar por isso. Ocorre que mesmo o acerto de contas da Justiça com os golpistas está custando caro ao país, uma vez que ele decidiu confundir o seu próprio destino com o do Brasil. Vá lá... Poderia ao menos ser verdadeira a imagem do homem frugal, que se contenta com pouco, uma espécie, assim, de asceta de extrema direita, tão apegado às ideias, ainda que torpes, que não encontrou tempo para acumular fortuna…

Mas esse é Bolsonaro? Não. Nunca foi, diga-se. Leiam trecho de reportagem publicada pela Folha no dia 16 de maio de 2017. Traz dados da "ficha de informações" de Bolsonaro, então um tenente de 28 anos:…

Segundo a "ficha de informações" produzida em 1983 pela Diretoria de Cadastro e Avaliação do ministério, Bolsonaro, na época tenente com 28 anos de idade, "deu mostras de imaturidade ao ser atraído por empreendimento de 'garimpo de ouro'. "Necessita ser colocado em funções que exijam esforço e dedicação, a fim de reorientar sua carreira. Deu demonstrações de excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente"…

Em interrogatório a que foi submetido no conselho, Bolsonaro reconheceu ter feito garimpo "na cidade de Saúde, próximo de Jacobina [BA]", durante as férias, na companhia de três tenentes e dois sargentos paraquedistas, dois dos quais "estavam sob seu comando". Bolsonaro disse que não teve lucro e classificou a atividade como "hobby ou higiene mental".

Ouvido pelo conselho, o superior de Bolsonaro, coronel Carlos Alfredo Pellegrino, disse que tentou demovê-lo da ideia do garimpo, mas conheceu "pela primeira vez sua grande aspiração em poder desfrutar das comodidades que uma fortuna pudesse proporcionar…

"Você tem, Reinaldo, alguma esperança de que os bolsonaristas radicais se deem conta de que o seu líder e sua família descobriram na política a verdadeira mina de ouro e decidam mudar de rumo? Não muita. Eu sempre me espanto, claro!, quando vejo milhões de pobres a garantir uma vida nababesca para seus líderes religiosos, por exemplo. O meu cristianismo não tem compromisso com a pobreza, mas o Cristo era o redentor que viveu entre nós e morreu como um de nós. A dita "Teologia da Prosperidade" não é uma derivação cristã, mas uma aberração. A ideia de que o progresso financeiro daquele que pastoreia almas é um sinal benfazejo da aliança com Deus é conversa de larápios para extorquir pobres, qualquer que seja a denominação que se diga cristã e que adote essa conduta. (digo eu: só ouvir a conversa do chefe de facção Malafaia travestido de PASTOR evangélico,  em gravação no seu telefone celular preso pela PF, com Bolsonaro.)  Invariavelmente, essas seitas têm uma pregação de extrema direita, aqui e mundo afora. Faz sentido.

Bolsonaro não é um líder religioso, apesar da exploração vil que faz da fé, mas é inegável que busca não a aderência a uma convicção, mas a uma devoção. E seus fanáticos talvez considerem que, afinal, um homem tão "perseguido" precisa, vamos dizer, chafurdar em milhões para que possa manter viva a chama da... do... de quê?… -

                           OS MILHÕES DA FAMÍLIA

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também não passa aperto. Entre 1º de setembro de 2023 e 5 de junho de 2025, movimentou a bobagem de R$ 4,6 milhões -- R$ 2,2 milhões oriundos do próprio pai

Michelle não precisa mais de depósitos de Fabrício Queiroz. Também se tornou uma máquina: R$ 2,9 milhões em créditos e R$ 3,3 milhões em débitos entre 1º de setembro de 2023 e 22 de agosto de 2024. A maior parte do dinheiro veio de uma empresa da qual ela é sócia (R$ 1,9 milhão) e do PL: R$ 381 mil

Carlos Bolsonaro manda melhor ainda. Nesse mesmo período, o movimento foi de R$ 4,85 milhões.

                                 ENCERRO

Eis aí as pobres vítimas do terrível "Xandão", este homem impiedoso com os simples, os humildes, os despossuídos. "Ah, te peguei, Reinaldo! Então não pode existir injustiça contra ricos num tribunal?" Claro que pode. No caso, cadê?

Mais: estamos a falar de uma família de políticos. E não de uma família qualquer porque o "patriarca" foi presidente da República, tentou dar um golpe de Estado e hoje financia o filho que busca coagir o Supremo. Vai definitivamente para o buraco uma parte da construção do mito: a do truculento honesto.

Sobraram a truculência e a cara desenxabida de alguns "patriotários"…

CORREÇÃO

Jair Bolsonaro comeu churrasco com farofa numa barraca no dia 30 de janeiro de 2022, não de 2023, como saiu originalmente publicado. Até porque já não era mais presidente



terça-feira, 15 de julho de 2025


 


O jornal O Estado de S. Paulo publicou nesta terça-feira, 15 de julho, um duro editorial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, classificado como “patriota fajuto”. No texto, o jornal critica a tentativa do ex-mandatário de utilizar o Brasil como moeda de troca para obter anistia judicial, após a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar em 50% os produtos brasileiros caso Bolsonaro não seja absolvido das acusações de conspiração golpista.

Estadão aponta que Bolsonaro sequer esconde seu verdadeiro objetivo: “O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1.° de agosto. A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes, nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia”, declarou o ex-presidente. Segundo o jornal, a mensagem deixa claro que Bolsonaro está disposto a sacrificar setores estratégicos da economia nacional em troca de sua própria liberdade.

O editorial compara o comportamento do ex-presidente ao de um sequestrador, dizendo que o Brasil virou refém de sua “verborragia liberticida”. Para o Estadão, Bolsonaro não representa um projeto para o país, mas sim um interesse pessoal em escapar da Justiça, colocando em risco a estabilidade econômica e institucional do país.

 Publicação também critica duramente lideranças políticas que, segundo o texto, seguem submissas ao bolsonarismo com o objetivo de herdar capital eleitoral. O jornal aponta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como exemplo de político que precisará escolher entre “o Brasil ou Bolsonaro”, já que ambos são projetos “absolutamente antitéticos”.

Por fim, o editorial conclui que apoiar Bolsonaro é incompatível com a defesa da democracia e do interesse público. O Estadão classifica o bolsonarismo como um “projeto personalista, antinacional e falido”, reduzido à luta pela impunidade de seu líder às custas da erosão das instituições republicanas.

 



Chora gadaiada. O governador de São Paulo agendou uma reunião com o empresariado paulista, na mesma hora e dia que o governo federal convocou os empresários mais importantes do país para tentar achar um caminho para resolver o impasse ocasionado pelo filho do Presidente Jair Bolsonaro,  por São Paulo,  Eduardo Bolsonaro (deputado do PL) morando hoje lá nos EUA. Na verdade o governador em vez de tratar desse problema como um problema de economia , o faz com  um diálogo meramente político, se lixando,  na verdade,  para o grande problema econômico que essa sanção de Trump vai causar ao estado de São Paulo, em especial. Está cuidando da sua campanha a presidente em 2026. Estava demorando a comunidade da extrema direita se defrontarem e baterem de frente. Não tem como isso não acontecer pois não se faz limonada, sem limões. A ver onde isso vai acabar.